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Outras Palavras

Movimento Feminsita: em 2021 estaremos mais fortes

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Por CFEMEA e SOS Corpo, na coluna Baderna Feminista

Mais um difícil ano que chega ao fim. De uma crise política
somou-se uma crise sanitária sem igual diante da inoperância,
ineficiência e da negligência proposital do governo autoritário de
Bolsonaro-Mourão sobre o (não) trato da pandemia do Covid 19. Essa
dupla tragédia nos assombrou durante o ano todo e os impactos na
vida cotidiana de todas e todos nós pudemos sentir na ausência de
um plano que acolhesse e atendesse as demandas por vida digna de boa
parte da população brasileira.

Somamos quase 190 mil pessoas mortas – isso sem considerar a
subnotificação – e o Brasil esteve em destaque nas notícias no
mundo como um dos piores países no trato da epidemia. Fomos
noticiados como um dos países que mais matou mulheres, que mais
destruiu áreas ambientais, que permitiu o avanço contra a população
indígena, quilombola – e ainda vetando assistência de saúde e
social a essas populações para sobreviverem ao Covid 19. Acumulamos
pedidos de impeachment apresentados ao Congresso Nacional (foram mais
de 70), cujo destino sequer se cogitou ser apreciado pelo atual
presidente da Câmara dos Deputados. A necropolítica operou sem
igual sobre a população negra e periférica, sobre mulheres e
ativistas. Foram inúmeras perdas de militantes e ativistas que, na
ausência de políticas de assistência, deram suas vidas para
distribuir cestas básicas, material de higiene e oferecer apoio e
acolhimento às mulheres e crianças vítimas de violência.

Durante este ano também pudemos ver como há uma intencionalidade
governamental em desmontar o arcabouço de políticas e serviços
públicos, tendência em alta desde o Golpe de 2016, em não oferecer
uma série de equipamentos sociais para que a população pudesse se
resguardar, fazer o isolamento social e combater a epidemia. Três
meses, que viraram 5, 6, quase um ano e sem perspectivas de saída
dessa crise sanitária, pois sem nem mesmo um plano, o que podemos
dizer do acesso às vacinas?

Nós, feministas que construímos ações coletivas movimentistas,
estamos em alerta há tempos. Sabemos o que significa no cotidiano de
vida das brasileiras não ter saúde e escola e outros equipamentos
sociais. Somando relações de trabalho cada vez mais desiguais, sem
proteção legal e, mais recentemente, com mais dificuldade de
acessar a aposentadoria, a fórmula que recai sobre nós é injusta,
cruel e desumana.

O governo bolsonarista e todos seus apoiadores se livram de sua
responsabilidade de cuidar da população para que a “família”
administre o cuidado dos seus. Ora, numa sociedade patriarcal,
racista, lgbtqifóbica e extremamente desigual, sabemos que onde
fala-se família, lê-se “Mulheres”, pois ainda é um fato
de que o tempo para as tarefas de cuidado não é dividido de forma
corresponsável entre toda a família.

Tal perspectiva foi agora enaltecida com o decreto nº 10.570/2020 da
ministra Damares Alves, que institui o Plano de Ações da Estratégia
Nacional de Fortalecimento dos Vínculos Familiares. A mesma ministra
que no 25 de novembro, Dia Internacional de Enfrentamento à
Violência contra as Mulheres, achou que o melhor que poderia fazer
era uma live, num fundo rosa, ensinando as mulheres de como fazer…
bolo! É com isto que estamos lidando: um projeto intencional de
redomesticação das mulheres. Sempre denunciamos os perigos da
associação entre política e religião e agora, esse imbricar, tão
bem representado em Damares, vem resultando no convencimento da
sociedade de que o papel das mulheres é aquele de inferioridade em
relação aos homens, subalternas, subservientes, exclusivas para o
cuidado, sem divisão das tarefas com os homens, estes sim,
detentores de poder, de fala pública, donos da política. Os mesmo
que xingam deputadas, ameaçam vereadoras mulheres negras, como uma
represália do fato de que nós, feministas, rompemos com o modelo
único, exclusivo, violento de família. Basta ver os inúmeros casos
revelados de violência sexual contra meninas e mulheres pelos homens
da “família”.

Não à toa se trata de uma guerra ideológica contra feministas e o
feminismo. Não à toa, esses representantes do patriarcado racista,
querem proibir debates sobre gênero nas escolas, pois,
autoritarismo, violência, subserviência não combinam com
pensamento reflexivo sobre as desigualdades nos papéis socias entre
homens e mulheres, entre brancos/as e negros/as, e na violência
contra as pessoas LGBTQIA+ e em sua transformação.

Sim, estamos atentas e vamos seguir resistindo e combatendo toda
força política que vem para nos menosprezar, nos sobrecarregar em
tarefas que podem ser assumidas pelo conjunto da sociedade, empresas,
governos. Temos consciência de que as décadas de luta dos
movimentos de mulheres no Brasil possibilitaram a todas nós ver que
temos direitos e escolhas, as mais diferentes e distintas possíveis,
de pensar com nossas próprias cabeças, lutar por um trabalho digno,
exercer um cargo político, cuidar de forma compartilhada de nossas
famílias com alimentação saudável em nossas mesas, acessar
informação sobre sexualidade e planejamento familiar, lutar pelo
desencarceramento para barrar a perda cotidiana de nossos filhos/as
mortos pelas mãos da polícia, milícia, narcotráfico.

Temos consciência também que para que cada brasileira possa assumir
suas escolhas e vê-las respeitadas é preciso uma força coletiva de
luta e resistência, um sujeito político forte das mulheres para
fazer barrar o atraso, o passado violento, racista, patriarcal,
conservador, que quer explorar toda a força de trabalho de nossos
corpos em busca de um outro pacto societal, com valores outros não
vislumbrados pela ordem vigente: afeto, cuidado, solidariedade,
divisão de responsabilidades, justiça, reparação, igualdade,
prazer para nos permitir ter um futuro bem diferente do que estamos
vivendo, como afirmam Eliane Brum e Ailton Krenak à frente do
Movimento Liberte o Futuro.

No último texto do ano da Coluna Baderna, queremos dar voz à
declaração política construída pela Articulação de Mulheres
Brasileiras em seus 25 anos de celebração e existência! AMB é um
movimento social de mulheres, misto quanto à raça e etnia,
orientação sexual, regionalidade, um movimento antirracista,
antipatriarcal e anticapitalista que pretende transformar o mundo
pelo feminismo. Parafraseando a ativista teórica feminsita negra,
bell hooks, sim, o feminismo é para todo mundo, e, como ela,
celebramos a alegria libertadora de uma luta por justiça e
igualdade1
.

Declaração da AMB em seus
25 anos!

Por certo não estamos sozinhas. Mensagens recebidas de outros
movimentos sociais e organizações aliadas reafirmam que estamos em
boa companhia. Reforçam a potência feminista das que lutam para
construir a utopia que nos anima: um mundo de justiça e igualdade.

Queremos transformar tudo, em todo lugar. É o que exige a
realidade que se apresenta diante de nós. Mas não só isso,
queremos mudar o mundo pelo feminismo. Mudar a ordem atual, que
articula patriarcado, capitalismo e racismo, perpetuando injustiças
do colonialismo. Um sistema que subjuga e inferioriza as mulheres,
todas as mulheres em nossa diversidade.

Afirmamos que para mudar o mundo, é preciso também mudar a nós
mesmas, nos reinventar.

Estamos enfrentando uma pandemia que já provocou mais de 170 mil
mortes. Muitas delas evitáveis, não fosse a política de um governo
genocida e etnocida, que se desresponsabiliza pela vacina e pelo
cuidado com a saúde da população. O SUS está sendo desmontado. E
corremos um risco de perder 40 bilhões em seu orçamento para 2021.
Ele já perdeu força com a Emenda Constitucional 95, que congelou os
investimentos públicos por 20 anos, nas áreas da saúde e educação.

Para nós, mulheres, isto significa enfrentar em piores condições a
responsabilização pelos cuidados com as pessoas queridas ao nosso
redor. É sobre nós que recai o desmonte das políticas públicas.
Somos nós que temos que redimensionar os tempos e os trabalhos na
vida doméstica cotidiana.

O racismo estrutural extermina o povo negro e indígena. A cada dia
vemos tombar jovens e crianças negras nas mãos da polícia, nas
periferias, aprofundando dores e revoltas. Nós, mulheres, já não
temos como suportar a tragédia instalada de perda diária de nossos
filhos e filhas. Não suportamos o avanço do agronegócio sobre
territórios indígenas com ações criminosas. Seguimos juntas nas
denúncias e no clamor. Gritamos um BASTA à violência do Estado
brasileiro!

Este governo necrófilo, que mata de bala e de vírus, já está
também matando de fome. Anunciou que o auxílio emergencial não
existirá em 2021. Nós, mulheres, em maioria no desemprego e na
informalidade, teremos que batalhar para sobreviver, manter nossas
famílias e cuidar de nossas comunidades.

A água, indispensável aos cuidados na pandemia, vira mercadoria na
bolsa de valores. A Amazônia está sendo dilapidada e os povos
originários dizimados. O capital aumenta seus lucros invadindo
espaços comuns, se apropriando e transformando bens públicos em
mercadoria. Nós mulheres, queremos comida saudável em todas as
mesas, partilha dos meios de vida e coragem para seguir enfrentando
os desmandos do capital.

Assistimos ao aumento da violência doméstica contra mulheres e
crianças, e do feminicídio. Nossa luta é para que o Estado assuma
sua responsabilidade no combate à violência com serviços de
proteção às mulheres e políticas de incentivo ao debate público
sobre desigualdade de gênero, de raça, dando visibilidade aos
direitos das pessoas LGBTQIA+. Que possamos discutir esses temas nas
escolas, nos meios de comunicação, nas casas e nas ruas.

Nos causa profunda indignação a violência política. Mulheres
eleitas e militantes de Direitos Humanos têm sofrido ameaças e
assistimos atônitas a frequentes assassinatos, sendo o de Marielle
Franco o caso emblemático. Novamente gritamos BASTA!

Ataques aos nossos direitos sexuais e reprodutivos aumentam neste
governo, que agrega milicianos e fundamentalistas religiosos em
práticas perversas. O direito ao aborto, garantido por lei, de uma
menina estuprada dentro de sua casa, foi motivo para despejo do ódio
contra o feminismo. Mas nós resistimos! Seguiremos lutando pela
legalização do aborto, pelo direito de decidir sobre nossos corpos
e nossas vidas.

Seguimos com esperança. Reconhecemos a força dos Movimentos Sociais
nas lutas de resistência. É preciso transmutar a nossa indignação
em capacidade de invenção de saídas. Transformar o luto em luta.
Transformar a dor em revolta. As saídas serão construídas em
articulação com todo o movimento feminista e com o nosso campo
político, o campo de quem luta e clama por justiça. Esta é nossa
conclamação.

Sigamos juntas, fazendo do movimento feminista nosso território
de resistência, proteção e cuidado. Construindo a força política
feminista nas nossas lutas cotidianas e nos grandes enfrentamentos
que virão.

Pela demarcação das terras e autodeterminação dos povos
indígenas!

#ForaBolsonaroeMourão

Viva a luta feminista!

Pela retomada da Democracia, no mundo e na vida, no país e em
casa, na rua e na cama!

1
bell hooks, “O
Feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras
“.
Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos: 2020.

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